Total de visualizações de página

sábado, 3 de setembro de 2011

Poesias para um fim de semana...

Poesias

Como eu gosto muito, acabo postando muitas poesias. A poesia sempre me faz rememorar minhas fantasias e meus sonhos de criança.
A criança tem seus devaneios e sonhos por imagens, só muito depois na vida, é que construímos nossos devaneios pela palavra. A criança enxerga grande, a criança enxerga belo. A criança constrói na poesia a historia dela e navega pelas palavras como se lá estivesse.
Só no imaginário infantil ou no dos poetas é que uma borboleta azul pode carregar o vento em suas asas e mergulhar através das nuvens trazendo de volta os raios de sol. Só neste imaginário podem as águas do rio subir nas pedras para passar nos pés do sapo, fazendo-o coaxar de alegria.
Ler uma poesia não pode ser uma obrigação. Porque para ler uma poesia faz-se necessário abrir a alma e permitir este mergulho na magia. So nas poesias as palavras não carecem de sentido. Pode-se brincar com as letras e com o sentido. Pode-se construir e desconstruir.
Porem uma poesia não é só um amontoado de palavras. Há sentido, há uma historia que fala a alma, que conta, que relata ou que brinca.
O poeta brinca como a criança, mas brinca com as palavras. Como Manoel de Barros que desinventa, inventa . Novas palavras tem mais sentido que as tradicionais. Atoando pela rua...realmente é andar preguicosamente sem lugar pré estabelecido para ir ou algo a fazer.
Roseana Murray brinca com o imaginário infantil...da criança e da criança que ainda habita dentro de mim...


"Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas
leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas.
Comuniquei ao Padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
- Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: Manoel, isso não é doença,
pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas...
E se riu.
Você não é de bugre? - ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas -
Pois é nos desvios que encontra as melhores surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de
gramática".

Manoel de Barros

CAIXINHA MÁGICA

Fabrico uma caixa mágica
para guardar o que não cabe
em nenhum lugar:
a minha sombra
em dias de muito sol,
o amarelo que sobra
do girassol,
um suspiro de beija-flor,
invisíveis lágrimas de amor.

Fabrico a caixa com vento,
palavras e desequilíbrio,
e para fechá-la
com tudo o que leva dentro,
basta uma gota de tempo.

O que é que você quer
esconder na minha caixa?
Roseana Murray

2 comentários:

beth krisam disse...

adoro a Roseana...
cada dia mais lindo o seu blog, e para mim que compartilhei grande parte das suas histórias, fala fundo ao coração
te amo
beijo

ana helena disse...

Adoro escrever....adoro poesia...e musica eaquarelas...e voce