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sábado, 31 de março de 2012

Tempos de mudança

Eu tenho convivido com algumas amigas, e duas especialmente em momentos de desanimo, falta de esperança, depressão. Nao conseguem enxergar nenhuma luz, eu diria que estao em um periodo cinza, cinza escuro.
Eu tenho pensado bastante sobre mudanças, mudar para melhor, e ai me cai nas maos este texto da Quaresma, que eu sempre tive , por formacao do meu pai, como tempo de mudancas, de repensar como vejo e levo a vida. Tempo de ver o que faço pelo outro que me pede ou o que dou aos que me rodeiam. Nao é entrar na loja e comprar ovos de Pascoa, é viver a Pascoa tendo passado pelo periodo de interiorizacao da quaresma. É entender que é um tempo de reconstruçao para que venha a ressurreição.

"A mudança de vida

O Tempo Litúrgico da Quaresma, que estamos vivenciando, é um tempo forte de conversão e mudança da vida para celebrarmos a Páscoa com o coração purificado e a vida modelada de acordo com o querer de Deus.
A conversão do coração para Deus determina a mudança de vida, pois, é no coração que reside nossas intenções, decisões e escolhas. É no coração que se fortifica nossa vontade para perseverarmos na fé e no amor a Deus o ao próximo.
Quem não quer mudar de vida? Quem não gostaria que fosse diferente? Quem está plenamente satisfeito com sua vida? Mais do que isso, quem não deseja uma vida feliz e cheia de paz? Temos urgência de mudar a nossa vida e, para isso, precisamos mudar o nosso coração!
A impressão que temos muitas vezes é que para mudar de vida precisaríamos mudar de casa, de cidade, de país, de emprego etc. Pensamos que teríamos que conviver com pessoas diferentes das quais convivemos, em circunstancias mais favoráveis ou numa situação que correspondesse nossas expectativas. A mudança de vida não depende de nada dessas coisas, pois, tudo o que elencamos acima são coisas que estão fora de nós e que indiretamente independem de nós. O que depende de nós diretamente e que podemos e devemos mudar é o nosso coração! É o que ninguém pode fazer para nós! Poderíamos mudar todas as circunstancias, o lugar, as pessoas… mas para aonde vamos levamos nós mesmos e, se, o nosso interior não está bem, nunca estaremos em paz e nossa vida sempre será a mesma onde e com quem estivermos!
Por isso, para mudarmos de vida precisamos mudar o nosso interior! Se quiséssemos mudar o nosso entorno para mudar de vida teríamos um grande transtorno e continuaríamos na mesma situação. Mas se mudamos o nosso interior não temos nenhum transtorno, não precisamos estar em outros lugares, não há necessidade de tirar nada do lugar, não precisamos trocar de amigos, familiares… só apenas não pretender que as coisas e as pessoas sejam como queremos, mas, apenas mudar o coração para que seja como Deus quer!
É o nosso interior que determina o exterior. É a conversão interior, voltarmos para Deus com todo o coração e com todas as nossas capacidades, tendo Ele como referencia para tudo, Ele em primeiro lugar em tudo, não fazendo nada sem Ele e para Ele! Assim, nossas intenções, desejos, decisões, escolhas e ações estão sob o olhar e as ordens do Senhor em qualquer momento e lugar.
Dessa forma, vamos verificando que o lugar em que estamos é o lugar que Deus nos colocou, as pessoas foi Ele que nos deu para amá-las, o nosso trabalho e deveres é para nossa santificação e as circunstâncias devem ser aceitas para mudá-las no que podemos.
Com o coração totalmente voltado para Deus e praticando seus mandamentos, a nossa consciencia se purifica, nossas intenções se retificam, nossas escolhas e decisões se tornam mais acertadas, o nosso esforço para fazermos o bem, o nosso amor a Deus e a bondade para com os outros é abençoada e vamos fazendo a experiência de que com o coração convertido a vida muda sem transtornos e o que está em nossa volta pode também mudar pelo exemplo de nossa vida.
Para essa quaresma queremos a mudança de vida, por isso, pedimos a Deus a graça da conversão do coração a Ele e oferecemos o esforço do nosso interior para que, em ação de graças, possamos celebrar a Páscoa! Feliz e Santa Páscoa a todos!!!"
Pe. Fábio Fernandes
Auxiliar do Cura

sexta-feira, 30 de março de 2012

Saudades de Sao Paulo

De tempos em tempos adoro ir a Sao Paulo. É sempre bom matar saudades das filhas.
Gosto do agito, das livrarias, da Avenida PAulista, das padarias e de Embu...sempre um passeio gostoso

quinta-feira, 29 de março de 2012

Deveres e direitos- a dignidade de uma profissão

• RESPOSTA A UMA NOTA PUBLICADA NA COLUNA "ENTRELINHAS" DO JORNAL GAZETA DO POVO DE CURITIBA, EM 27/03/2012
“Médicos e dentistas que se formam em escolas públicas devem sua formação ao país, não é verdade? Por isso, o governo, por meio do Ministério da Educação, deveria impor aos formandos um tempo obrigatório de atuação junto a comunidades carentes, assim como foi imaginado para os agraciados com os programas de inclusão do governo. Seria uma forma justa de bem atender essas populações.”
(Carta do leitor Juarez Santos, 40 anos, professor na região de Curitiba.)
Prezado Cláudio (Editor da Coluna Entrelinhas):
Há uma cultura dominante em nossa sociedade, no sentido de atribuir ao médico uma obrigatória vocação sacerdotal que não se cobra nem destes, os verdadeiros sacerdotes, nem de nenhuma outra profissão. Sacerdotes naturalmente cobram para batizar, casar e enterrar os adeptos da sua crença. E ninguém os critica por isso.
Mas por que essa fixação com o médico?
A tal cultura dominante inculte na população em geral que esses profissionais devem amor incondicional à sua profissão, e teriam um suposto pacto com o doente, o qual devem, a qualquer custo, honrar sem recompensa material ou remuneratória. Nesta visão, o atendimento médico seria uma obrigação compulsória destes, a partir do momento em que proferem o conhecido "juramento de Hipócrates", do qual certamente muitos falam, poucos leram, e a infinita maioria se leu, pouco entendeu.
Em momento algum o Juramento hipocrático fala que o médico tem que ser um sacerdote mendicante que atende de graça e incondicionalmente seus pacientes. O Juramento é antes de mais nada um libelo Humanista de respeito e reverência ao doente por parte do médico, no qual, em outras palavras, prega-se que o médico deve atender o seu paciente COM AMOR e respeito, mas jamais diz que deve fazê-lo apenas POR AMOR. E, ademais, saliente-se, pelo Código de Ética Médica, o médico pode atender apenas quem ele bem entender que deva atender, sem jamais ser obrigado a isso, por qualquer motivo, excetuando-se unicamente a situação de urgência e emergência, pois isso seria caracterizado como "omissão de socorro".

Então chegamos à carta acima transcrita, do Sr. Juarez Santos.
Vejamos.
Primeiro que médicos e dentistas devem sua formação majoritariamente ao seu esforço e dedicação pessoais, e de sua famílias, pois passaram nos vestibulares mais concorridos e difíceis do pais.
Segundo, que todos os brasileiros, inclusive os estudantes de Medicina e odontologia, e suas famílias, pagam seus impostos, como todos os outros brasileiros, impostos esses que sustentam as escolas públicas onde estudaram, e onde fizeram milhares de horas de atendimento gratuito a pessoas carentes durante a sua formação - muito mais do que qualquer outro estudante, de qualquer outro curso universitário.
Depois, por óbvio, comunidades carentes tem carências diversas.
Lá faltam professores, assistentes sociais, advogados, juízes, promotores, fisioterapêutas, fonoaudiólogos, engenheiros, psicólogos, nutricionistas, e, se formos longe, talvez todas as carreiras universitárias.
As universidades públicas, por sua vez, formam profissionais de todas as carreiras.
Assim, por que o Ministério da Educação deveria impor aos formandos um tempo obrigatório de atuação junto a comunidades carentes, como afirma o missivista, mas somente aos formandos de Medicina e Odontologia?
Não seria uma idéia razoável aceitar que essa obrigatoriedade só deveria existir se fosse isonomicamente extendida para todas e todas as carreiras universitárias ofertadas pelas escolas públicas, e sem exceção alguma, já que todas elas se beneficiariam por ter estudado em tais escolas?
Médico não é sacerdote ou semi-deus.
Médico é um profissional de carne e osso, como todos os outros. E sofre exatamente das mesmas necessidades e gastos da vida moderna que os membros das outras profissões.
Assim, ou todos os egressos das escolas públicas vão, ou que não vá ninguém.

Uma moldura

Eu sei que as vezes a mudança é importante, mas tambem sei que reciclar, renovar, reformar tambem é mudança. É mudança sem desperdicio.
Na limpeza da minha sala de trabalho encontrei uma moldura , daquelas que margeiam o ar condicionado antigo, em mogno, madeira nobre.
A minha auxiliar me pergunta: posso jogar fora? Eu passei ate mal, que arrepio. Jogar uma moldura de mogno? como? e ela me pergunta : e vai fazer o que com ela.
Vu colocar no muto e enquadrar um lindo vaso... Mais alguns dias, posto a foto, estou esperando a flor ficar bela.
Ai me lembrei deste texto do Eduardo Galeano, que nos faz repensar porque as coisas e as pessoas e ate os sentimentos estao se tornando descartaveis...

" Caí no mundo e não sei voltar"
Eduardo Galeano

O que acontece comigo é que não consigo andar pelo mundo pegando coisas e trocando-as pelo modelo seguinte só por que alguém adicionou uma nova função ou a diminuiu um pouco…
Não faz muito, com minha mulher, lavávamos as fraldas dos filhos, pendurávamos na corda junto com outras roupinhas, passávamos, dobrávamos e as preparávamos para que voltassem a serem sujadas.
E eles, nossos nenês, apenas cresceram e tiveram seus próprios filhos se encarregaram de atirar tudo fora, incluindo as fraldas. Se entregaram, inescrupulosamente, às descartáveis!
Sim, já sei. À nossa geração sempre foi difícil jogar fora. Nem os defeituosos conseguíamos descartar! E, assim, andamos pelas ruas, guardando o muco no lenço de tecido, de bolso.
Nããão! Eu não digo que isto era melhor. O que digo é que, em algum momento, me distraí, caí do mundo e, agora, não sei por onde se volta.
O mais provável é que o de agora esteja bem, isto não discuto. O que acontece é que não consigo trocar os aparelhos de som uma vez por ano, o celular a cada três meses ou o monitor do computador por todas as novidades.
Guardo os copos descartáveis! Lavo as luvas de látex que eram para usar uma só vez. Os talheres de plástico convivem com os de aço inoxidável na gaveta dos talheres! É que venho de um tempo em que as coisas eram compradas para toda a vida!
É mais! Se compravam para a vida dos que vinham depois! A gente herdava relógios de parede, jogos de copas, vasilhas e até bacias de louça.
E acontece que em nosso, nem tão longo matrimônio, tivemos mais cozinhas do que as que havia em todo o bairro em minha infância, e trocamos de refrigerador três vezes.
Nos estão incomodando! Eu descobri! Fazem de propósito! Tudo se lasca, se gasta, se oxida, se quebra ou se consome em pouco tempo para que possamos trocar. Nada se arruma. O obsoleto é de fábrica.
Aonde estão os sapateiros fazendo meia-solas dos tênis Nike? Alguém viu algum colchoeiro encordoando colchões, casa por casa? Quem arruma as facas elétricas? o afiador ou o eletricista? Haverá teflon para os funileiros ou assentos de aviões para os talabarteiros?
Tudo se joga fora, tudo se descarta e, entretanto, produzimos mais e mais e mais lixo. Outro dia, li que se produziu mais lixo nos últimos 40 anos que em toda a história da humanidade.
Quem tem menos de 30 anos não vai acreditar: quando eu era pequeno, pela minha casa não passava o caminhão que recolhe o lixo! Eu juro! E tenho menos de … anos! Todos os descartáveis eram orgânicos e iam parar no galinheiro, aos patos ou aos coelhos (e não estou falando do século XVII). Não existia o plástico, nem o nylon. A borracha só víamos nas rodas dos autos e, as que não estavam rodando, as queimávamos na Festa de São João. Os poucos descartáveis que não eram comidos pelos animais, serviam de adubo ou se queimava..
Desse tempo venho eu. E não que tenha sido melhor…. É que não é fácil para uma pobre pessoa, que educaram com “guarde e guarde que alguma vez pode servir para alguma coisa”, mudar para o “compre e jogue fora que já vem um novo modelo”.
Troca-se de carro a cada três anos, no máximo, por que, caso contrário, és um pobretão. Ainda que o carro que tenhas esteja em bom estado… E precisamos viver endividados, eternamente, para pagar o novo!!! Mas… por amor de Deus!
Minha cabeça não resiste tanto. Agora, meus parentes e os filhos de meus amigos não só trocam de celular uma vez por semana, como, além disto, trocam o número, o endereço eletrônico e, até, o endereço real.
E a mim que me prepararam para viver com o mesmo número, a mesma mulher e o mesmo nome (e vá que era um nome para trocar). Me educaram para guardar tudo. Tuuuudo! O que servia e o que não servia. Por que, algum dia, as coisas poderiam voltar a servir.
Acreditávamos em tudo. Sim, já sei, tivemos um grande problema: nunca nos explicaram que coisas poderiam servir e que coisas não. E no afã de guardar (porque éramos de acreditar), guardávamos até o umbigo de nosso primeiro filho, o dente do segundo, os cadernos do jardim de infância e não sei como não guardamos o primeiro cocô.
Como querem que entenda a essa gente que se descarta de seu celular há poucos meses de o comprar? Será que quando as coisas são conseguidas tão facilmente, não se valorizam e se tornam descartáveis com a mesma facilidade com que foram conseguidas?
Em casa tínhamos um móvel com quatro gavetas. A primeira gaveta era para as toalhas de mesa e os panos de prato, a segunda para os talheres e a terceira e a quarta para tudo o que não fosse toalha ou talheres. E guardávamos…
Como guardávamos!!Tuuuudo!!! Guardávamos as tampinhas dos refrescos!! Como, para quê? Fazíamos limpadores de calçadas, para colocar diante da porta para tirar o barro. Dobradas e enganchadas numa corda, se tornavam cortinas para os bares. Ao fim das aulas, lhes tirávamos a cortiça, as martelávamos e as pregávamos em uma tabuinha para fazer instrumentos para a festa de fim de ano da escola.
Tuuudoguardávamos! Enquanto o mundo espremia o cérebro para inventar acendedores descartáveis ao término de seu tempo, inventávamos a recarga para acendedores descartáveis.

E as Gillette até partidas ao meio se transformavam em apontadores por todo o tempo escolar. E nossas gavetas guardavam as chavezinhas das latas de sardinhas ou de corned-beef, na possibilidade de que alguma lata viesse sem sua chave.
E as pilhas! As pilhas dos primeiros rádios Spica passavam do congelador ao telhado da casa. Por que não sabíamos bem se se devia dar calor ou frio para que durassem um pouco mais.
Não nos resignávamos que terminasse sua vida útil, não podíamos acreditar que algo vivesse menos que um jasmim. As coisas não eram descartáveis. Eram guardáveis.
Os jornais!!! Serviam para tudo: para servir de forro para as botas de borracha, para por no piso nos dias de chuva e por sobre todas as coisa para enrolar.
Às vezes sabíamos alguma notícia lendo o jornal tirado de um pedaço de carne!!! E guardávamos o papel de alumínio dos chocolates e dos cigarros para fazer guias de enfeites de natal, e as páginas dos almanaques para fazer quadros, e os conta-gotas dos remédios para algum medicamento que não o trouxesse, e os fósforos usados por que podíamos acender uma boca de fogão (Volcán era a marca de um fogão que funcionava com gás de querosene) desde outra que estivesse acesa, e as caixas de sapatos se transformavam nos primeiros álbuns de fotos e os baralhos se reutilizavam, mesmo que faltasse alguma carta, com a inscrição a mão em um valete de espada que dizia “esta é um 4 de copas”.
As gavetas guardavam pedaços esquerdos de prendedores de roupa e o ganchinho de metal. Ao tempo esperavam somente pedaços direitos que esperavam a sua outra metade, para voltar outra vez a ser um prendedor completo.
Eu sei o que nos acontecia: nos custava muito declarar a morte de nossos objetos. Assim como hoje as novas gerações decidem matá-los tão-logo aparentem deixar de ser úteis, aqueles tempos eram de não se declarar nada morto: nem a Walt Disney!!!
E quando nos venderam sorvetes em copinhos, cuja tampa se convertia em base, e nos disseram: Comam o sorvete e depois joguem o copinho fora, nós dizíamos que sim, mas, imagina que a tirávamos fora!!! As colocávamos a viver na estante dos copos e das taças. As latas de ervilhas e de pêssegos se transformavam em vasos e até telefones. As primeiras garrafas de plástico se transformaram em enfeites de duvidosa beleza. As caixas de ovos se converteram em depósitos de aquarelas, as tampas de garrafões em cinzeiros, as primeiras latas de cerveja em porta-lápis e as cortiças esperaram encontrar-se com uma garrafa.
E me mordo para não fazer um paralelo entre os valores que se descartam e os que preservávamos. Ah!!! Não vou fazer!!!
Morro por dizer que hoje não só os eletrodomésticos são descartáveis; também o matrimônio e até a amizade são descartáveis. Mas não cometerei a imprudência de comparar objetos com pessoas.

Me mordo para não falar da identidade que se vai perdendo, da memória coletiva que se vai descartando, do passado efêmero. Não vou fazer.
Não vou misturar os temas, não vou dizer que ao eterno tornaram caduco e ao caduco fizeram eterno.
Não vou dizer que aos velhos se declara a morte apenas começam a falhar em suas funções, que aos cônjuges se trocam por modelos mais novos, que as pessoas a que lhes falta alguma função se discrimina o que se valoriza aos mais bonitos, com brilhos, com brilhantina no cabelo e glamour.
Esta só é uma crônica que fala de fraldas e de celulares. Do contrário, se misturariam as coisas, teria que pensar seriamente em entregar à bruxa, como parte do pagamento de uma senhora com menos quilômetros e alguma função nova. Mas, como sou lento para transitar este mundo da reposição e corro o risco de que a bruxa me ganhe a mão e seja eu o entregue…
Eduardo Galeano

segunda-feira, 26 de março de 2012

Casa Godinho

CASA GODINHO

Como os tempos mudaram! Hoje se compra de tudo em todo lugar. Ate no interior do Mato Grosso se encontra frios e queijos e vinhos, variados, de varias procedências. Antes não era assim.
Na década de sessenta íamos, a família toda, de tempos em tempos de férias a São Paulo. Íamos-nos de trem, a viagem era demorada, saíamos de tarde e chegávamos de manhã. O trem da Estrada de Ferro Sorocabana nos levava de Presidente Prudente ate a Estação da Luz em São Paulo.
Sempre ficávamos hospedados em um hotel simples no centro da cidade de São Paulo, na Avenida Ipiranga, em frente da Praça da Republica. Nos não tínhamos carro, então andávamos a pé o centro todo de São Paulo. Andávamos na Praça da Republica, com o lago com patos e os bancos e as antigas arvores, iamos na Praça do Arouche, e eu me encantava com as maravilhosas bancas de flores. Passávamos na Rua Sete de Setembro com as inúmeras galerias de lojas, ai passávamos em frente ao Teatro Municipal, e o Viaduto do Anhangabaú, onde eu adorava ficar olhando a Avenida lá em baixo com os carros passando e a cidade que se via bem ao longe... Estas imagens sempre me fascinaram.
Na Rua Direita eu e minha irmã amávamos ver as lojas apinhadas de produtos, lojas grandes, o que não existia no interior. Hoje as chamamos de lojas populares, entulhadas de uma imensa variedade de brinquedos, objetos e bugigangas. Na Praça da Sé, um momento para correr livremente, subir e descer as escadarias e adentrar em silencio na Catedral, que eu ate hoje acho linda.
Na volta sempre passávamos no Mosteiro de São Bento, ao qual retornaríamos para uma missa, e depois a alegria de entrar no Mappin. Mappin era uma imensa loja de departamentos, maravilhosa. Minha irmã e eu amávamos subir e descer pela escada rolante, andar entre as roupas, o setor de brinquedos, olhar tudo...tudinho.
No nosso passeio no centro de São Paulo não podia faltar uma visita a Casa Godinho . Ah! Que prazer entrar nesta loja.
A Casa Godinho foi fundada em 1888 e ainda tem as mesmas prateleiras de embuia, com cheiro delicioso de madeira . Nesta casa se vende de tudo que é bom , muito queijo, vinhos, frios, doces,azeitonas, e tudo de muito bom que se imagina.
A minha lembrança é de entrar eu e Beth segurando os dedos mindinhos de nosso pai, e ai ao entra o cheiro já embriaga, embriaga de prazer . Nosso pai comprava queijo suíço, um pedacinho, lingüiça alemã e o “queijo fedido”do pai e azeitonas prestas e “gordas”que mamãe adorava. E não nos esqueçamos do Pumpernickel ( pão preto prensado da Alemanha).
Eu,em dezembro de 2010, decidi visitar de novo a Casa Godinho e fui logo após o Natal. Ao entrar o cheiro me remeteu ao passado, me senti entrando com Beth e papai. Andei e rodeei ( a loja é pequena) . pedi ao funcionario um tempo para olhar . Comprei comida alemã e queijo e comi um doce.Quando terminei meus pedidos o funcionário perguntou se eu conhecia a loja e eu disse que sim, que conheci a loja há 50 anos atrás. Ele me olhou como se eu fosse louca e eu sai rindo muito.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Momento de reflexão

Momento de reflexão
" Não importa onde você parou
em que momento da vida você cansou
o que importa é que sempre é possível e
necessário “Recomeçar”.

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo
é renovar as esperanças na vida e o mais importante
acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado …
Chorou muito?
foi limpeza da alma …
Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia ...
Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos …
Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da tua melhora …
Pois é… agora é hora de reiniciar… de pensar na luz
De encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal
Um corte de cabelo arrojado… diferente?
Um novo curso… ou aquele velho desejo de aprender pintar, desenhar,
dominar o computador… ou qualquer outra coisa.
Olha quanto desafio… quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando!
Tá se sentindo sozinho?
Besteira! Tem tanta gente que você afastou com o seu “período de isolamento”…
Tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para “chegar” perto de você.
Quando nos trancamos na tristeza… nem nós mesmos nos suportamos…
ficamos horríveis… o mal humor vai comendo nosso fígado…
até a boca fica amarga.

Recomeçar… hoje é um bom dia para começar novos desafios.
Onde você quer chegar? Sonhe alto… queira o melhor do melhor!
Queira coisas boas para a vida...
pensando assim trazemos para nós aquilo que desejamos.
Se pensamos pequeno, coisas pequenas teremos…
Já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor.

O melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental… joga fora tudo que te prende ao passado…
ao mundinho de coisas tristes… fotos… peças de roupa, papel de bala…
ingressos de cinema, bilhetes de viagens…
e toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados…
jogue tudo fora… mas principalmente: esvazie seu coração,
fique pronto para a vida… para um novo amor…

Lembre-se somos apaixonáveis…
somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes…
Afinal de contas… Nós somos o “Amor”…
” Porque eu sou do tamanho do que sonho e não do tamanho da minha altura. “

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 19 de março de 2012

Exercicio da paciencia

Exercicio da paciência

Este nosso mundo de hoje é movido pela rapidez. Tudo é “para ontem”.
A paciencia de esperar por alguma coisa ou alguém não é habitualmente fácil.
Eu tenho feito há alguns anos um exercício de paciência.
Há muitos anos atrás eu estive em uma casa na praia e existia uma planta estranha, numa arvore, crescendo como as orquídeas e eu ganhei uma muda. Ela tinha em seus galhos inúmeras bolinhas roxas. Eu adorei. Viajei quase 2000 km com muito cuidado com a mudinha. Eu plantei da maneira como a senhora que me deu a planta explicou.
Por vários anos aguardei as bolinhas, os ramos cresceram, a planta se desenvolveu forte e bonita , mas nunca apareceu nenhuma bolinha.
Após 10 anos da época em que pela primeira vez a plantei ( varias vezes replantei) ela me brindou com lindas e miúdas flores brancas. Eu me emocionei, fotografei e aguardei as bolinhas



Elas não vieram.
Eu resolvi aguardar,quem sabe no próximo ano...
Vieram 3 anos sem nenhuma florzinha a mais.
Eu continuo cuidando da plantinha . Agora são 4 vasos...ela se multiplicou bastante.
Uma amiga que me viu varias vezes cuidando e cuidando , me perguntou e contei-lhe a historia. Ela me diz: joga fora.
Eu realmente não concordo.
Esta planta é um maravilhoso aprendizado para mim. Durante 13 anos ela tem me feito esperar pelas suas bolinhas e agora após 3 anos das pequenas flores estou esperançosa.
Eu ainda verei suas bolinhas . O grande aprendizado que esta muda de Ripsalis ( achei seu nome na internet)me deu foi a paciência. Um exercício da paciência.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Assim eu vejo a vida

Assim eu vejo a vida
A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.
( Cora Coralina )


O passado me construiu, as reformas fui fazendo ao longo do percurso. A construcao cresceu, as vezes melhorou, as vezes perdeu partes , recuperou ou nao.
Nao ha como so ter ganhos em uma vida.
Tambem nao é possivel viver no passado e so pelo passado.
Tambem nao é possivel viver aguardando o futuro que virá.
A vida é hoje
Aprendi a viver!!!

sexta-feira, 9 de março de 2012

ser criança

SER CRIANÇA
A criança também adoece porque não brinca.

Frase estranha esta, mas em plena época em que tanto dizemos e tantos livros de auto ajuda e de educação são publicados, a educação familiar da criança encontra-se em descredito, “um pouco fora de moda”. A infância é a época da vida em que a criança precisa, na primeira fase, a do bebê, de contato, cuidados e atenção, e a seguir ela continua precisando de contato, cuidados, e agora também precisa desenvolver seu potencial de aprendizado. Isto é que gerou a grande confusão. Desenvolver o potencial de aprendizado virou sinônimo de escola e de alfabetização e aquisição de conhecimentos, como se a criança necessitasse se transformar em uma enciclopédia ambulante.

Desenvolver o potencial de aprendizado é aprender a lidar com a vida, e inclui o colo, o ouvir estórias e ate sua própria historia, e inclui brincar com brinquedos, com areia, com terra, com água, com pedrinhas, com caixinhas ,com lapis e papel e tintas e tudo que puder despertar a curiosidade sem perigo. A brincadeira ate pode ensinar , ate pode ter conhecimentos próprios para idade, sem tentar precocemente “adiantar” a criança. Brincar inclui a criança e o outro , não necessariamente um amiguinho, pode e deve incluir a mãe, o pai, a família. Brincar não é perda de tempo, é ganho de tempo , enquanto se coloca no ato de brincar a capacidade da criança de aprender.

Brincar também não deve ser um ato de competição como se tornaram os jogos em videogames e computador em que ainda pequena a criança se isola do mundo a “tentar quebrar recordes de pontos”. Brincar é interagir, e também é criar, inventar, e nesse brincar a criança cresce interiormente e se torna forte para conviver com a realidade. Assisto fascinada crianças pequenas, maiores e ate adolescentes , se “deliciando” com programas educativos, experiências, e antigos filmes infantis e vejo que nossos meios de comunicação pouco evoluíram ao não “ouvir” estas crianças e continuam com programas de baixa qualidade de diversão e prazer , porque ela não consegue interagir com o programa, apenas fica estática na frente da telinha , comendo. Também escuto estarrecida algumas crianças grandes proibidas de brincar, sendo “mocinhas” antes da hora, ganham roupas de moça, estojinho de maquiagem e sandálias de salto, e brincam de boneca “escondidinho”, com amiguinhas que ainda tem o direito de viver a infância por um tempo mais longo.

Outro entrave à infância de nossos filhos tem sido o medo das famílias de que o filho não consiga “competir” com o amiguinho que faz tantas atividades e assim coloca o filho no mesmo ritmo, e precocemente está a criança na escolinha e na natação, balé ou judô, inglês ,porque precisa de mais uma ou duas línguas, musica , matemática.....ah!. A atividade que deveria ser uma ou duas escolhidas pela criança e gerando prazer se torna obrigação, e a criança ainda terá seu desempenho cobrado pela competição.

A criança pequena e a criança da escola , não precisa de tanta atividade social. Elas ainda precisam de parâmetros, de exemplos, de modelos, e os maiores para ela são os pais.

Será que as crianças, com seus próprios meios, não estão nos dando sinais de alerta, denunciando o que passam? As crianças se dizem cansadas, solicitadas demais. Reivindicam mais tempo para brincar, mais espaço e liberdade para não ser tão precoces, nem tão perfeitas. Elas sentem saudades da infância antes dos 10 anos de idade!!! Como se já tivesse acabado a infância há tempos.

Será que o aumento da obesidade, o aumento dos casos de stress infantil, depressão infantil, cefaléias, de gastrites e ulceras e constantes resfriados e alergias, não tem a ver com estar triste , desalentado? Temos mais saúde quando somos capazes de rir , sorrir, brincar, e encarar as dificuldades com calma e ponderação, e a criança para conseguir tudo isto tem que ter espaço para brincar e PARA SER CRIANÇA.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulheres fortes que me antecederam

Parte importante de minha vida e formaçao...
mamae
Vó Catarina , tia Ana e tia Helena
Tias maternas
Vó Leontina

08 de março

"Somos todas “guerreiras da luz”, potencialmente mestras e sempre alunas na escola da vida.
Caminhar nesta estrada que é a vida é uma arte que aprimoramos se quisermos, por livre opção (sempre podemos só caminhar a esmo, se for esta a opção).
Somos sempre mestras ao olhar a vida em todas as suas coisas pelo lado luminoso e não pelo lado negro.
Somos alunas aprendendo este mistério.
Somos mestras ao sentir o perfume da rosa sem se importar com a presença dos espinhos.
Somos mestras ao vibrar com um sorriso franco sem se importar com as carrancas ao derredor.
Somos mestras ao receber um abraço fraterno e aquecedor sem se importar com as invejas que nos rodeiam.
Somos mestras ao permitir que a paixão pelas pequenas e grandes coisas nos brinde a cada momento.
Somos mestras ao sentir a vibração de amor de poucos sem sentir o ódio de muitos.
Somos alunas ao nos permitir olhar nos olhos de um amigo e ver alem do olhar a luz do companheirismo.
Somos alunas ao nos permitir sentir a vibração de amor de uma criança a sorrir.
Somos alunas ao nos permitir rir de pequenas bobagens e tirar deste riso energia e força.
Somos alunas ao nos permitir chorar de alegria por pequeníssimas emoções como uma musica, uma flor, um elogio e ate um meigo olhar.
Somos alunas ao nos permitir sentir todas estas vibrações de vida dentro de nosso coração.
Somos alunas ao nos permitir vivermos todas estas emoções sem catalogar em dois compartimentos: o certo e o errado.
Somos alunas ao sentir a cada novo raio de sol ou de luar a força da vida em sua majestade, em sua sublime presença.
Somos mestras de nos mesmas sempre nos grandes e pequenos acontecimentos.
Podemos ser a mestra que permite desabrochar a vida, a alegria, a ternura, a força e a esperança ou podemos ser a mestra que critica, que cobra, que rotula, cataloga , prende e sufoca. A escolha é sempre nossa.
A vida não é e nem deve ser medíocre. A mediocridade encontra-se nas nossas amarras que nos dificultam viver a felicidade.
Permita que a alma pura da criança adormecida venha à tona e redescubra a alegria de andar descalça tomar chuva, rir loucamente, rolar na areia, tomar muito sorvete, lamber os dedos, brincar de roda, mostrar a língua atras e “escondido” de quem é chato, sapatear de “birra”, gritar sozinha, chorar lendo uma poesia, rir de coisas banais e depois de reaprender estas pequenas grandes coisas se permita também perceber que as pequenas e freqüentes alegrias preparam o espirito e a alma a suportar tristezas, decepções, dores e dificuldades que não devem suplantar nunca a grande “montanha” já construída de alegrias.
Este é o grande mistério.
Este é o grande desafio".
Força é a arma que retiramos de nosso interior, é a “nossa espada de luz” .
Tudo isto se chama SER MULHER

terça-feira, 6 de março de 2012

COMO VIVER 100 ANOS

Como viver 100 anos
Vá a mais lugares
Abrace mais amigos
Dance mais
Diga menos nãos
Invente menos problemas
Coma mais sobremesas
Ria mais de si mesmo
Plante uma árvore
Tire mais fotos
Visite o fundo do mar
E o topo de uma montanha
Beije mais
Conte mais piadas
Se apaixone mais vezes
Mesmo que seja
Sempre pela
Mesma pessoa


segunda-feira, 5 de março de 2012

Passeio socratico

Este texto nao é meu , mas merece ser lido e repensao. Rexcebi pela net ha alguns anos atras mas ele é muito, mas muito atual...


PASSEIO SOCRÁTICO
Frei Betto

Ao viajar pelo Oriente mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China.
Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelo produz felicidade?'
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...' 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'
Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos:
'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi¬nho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...
A palavra hoje é 'entretenimento?; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, ¬ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba¬ precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático. ' Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:

"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz

Pastoral da criança

Tempos modernos

Pensei em mudanças ouvindo uma frase curta em uma cerimônia de ação de graças aos 25 anos da Pastoral da Criança em minha cidade.
O mundo sempre esta em ritmo de mudança. Nos últimos séculos a mudança foi ocorrendo em um ritmo meio constante, com evoluções e retrocessos, mas sempre mudando.
No século passado as mudanças se aceleraram. O telefone aproximou as pessoas, já podiam se falar mesmo estando longe.
A televisão levou noticias para dentro das casas, coisa restrita a noticia direta, por carta ou radio. Em tempos próximos já se sabia o que ocorreu semana passada, mês passado.
Nas ultimas décadas do século a televisão ficou mais rápida e acessível, e veio a internet. A gora temos a noticia em tempo real. Há um bombardeio e o vemos ao vivo e a cores. Uma catástrofe e estamos lá.
Podemos sair de viagem hoje e chegar a outro continente amanhã.
Dificilmente as boas novas serão tão rápidas. Elas também são notificadas , mas sem tanta ênfase.
Mudamos o foco do pensamento tão rápido quanto as noticias. Eu não gosto de me postar na frente de uma tela para ver desgraças, mas me pego vendo o telejornal! Procuro não assistir filmes violentos, mas a noticia de uma iminente guerra chama a minha atenção. Tomo partido em uma briga que não é minha.
Neste sábado , eu fui em uma comemoração aos 25 anos da Pastoral da criança em minha cidade. Fui colaboradora em seu inicio e daí nasceu uma gostosa amizade com a fundadora local, irmã Luiza. Irmã Luiza , uma madre salesiana que foi e é ( adoentada e longe de nos há um tempo) um exemplo de vida abnegada.
Eu me emocionei com a participação das lideres, com a homenagem a irmã Luiza e com o lindo abraço da paz. Uma grande roda de mãos dadas enchendo a praça de luz e energia positiva. A oração foi emocionante.
O que faltou? Estavam presentes expressivos lideres religiosos da Diocese de Rondonopolis. Estavam presentes, o bispo Dom Juventino, Padre Franz, Padre Lothar e um padre que não recordo ter ouvido seu nome. Estavam presentes os lideres das pastorais , as lideres comunitárias da Pastoral da criança e voluntários como eu.
O que faltou, embora não tenha feito falta? Faltaram os lideres políticos da cidade e a mídia.
A cerimônia foi amena , pacata, linda em sua simplicidade, grande de emoção e significado.
A cerimônia continuou em um culto de ação de graças ,na igreja, também rico de significado e de força na fé.
O bispo Dom Juventino realmente emocionou nos todos ao lembrar que apenas uma criança salva já seria motivo de comemoração. Mas milhares ganharam saúde e vida plena com os cuidados da Pastoral nestes 25 anos, cuidado estendido também as crianças bororos.
E completou: “nos nossos dias choramos por um celular que caiu na água, uma roupa que se estragou ou um bem perdido ou estragado e não mais nos sensibilizamos por uma vida humana”