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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O primo gago

O PRIMO GAGO

Minha mãe, brasileira, de Itaporanga, interior de São Paulo, conheceu meu pai, um alemão, em um jogo de futebol na igreja. Após 42 dias estava m casados.
Amor a primeira vista. O amor falou mais alto.
No começo de seu casamento recebe em uma tarde a visita de um primo de minha mãe. Este primo era gago, muito gago e conversar com ele era sempre muito exaustivo.
Mamãe adentra a casa para passar um café e fritar uns bolinhos e deixa meu pai e o primo gago no alpendre. Após um tempo, escuta lá da cozinha a conversa alta entremeada de gargalhadas. Vai rápido , para verificar se chegou mais gente, e se surpreende, os dois conversam animadamente, cada um na sua língua, o alemão e o gago se entendem , a despeito das diferenças...
Eu sempre ri muito desta historia lembrada nos papos de fim de tarde com papai e mamãe e Beth. Era sempre divertido relembrar.
Eu sempre achei a historia incrível, e sempre me imaginei conversar sem entender, e agora vivi uma situação estranha que me relembrou esta historia.
Eu estava na Alemanha , decidi ir a pé à Klusserath, cidade perto de onde papai nasceu . Eu subi um morro e o desci, cansada andei pela cidade e comprei um lanche e sentei me num ponto de ônibus, sabendo que demoraria quase uma hora para o onibus chegar. Alguns minutos depois um senhor vem na minha direção , em um andador ( é comum na Alemanha idosos com andador sem problemas físicos, só para segurança).
Ele cumprimenta: morgen ( soa-se moaguem) , eu respondo: morgen ( lembrem-se que falo muito pouco de alemão, eu diria que sobrevivo com meu alemão , e so entendo se falam devagar e usando dicionário). Ele inicia uma logorreia, fala sem parar ( em um alemão que não entendo: dialeto?) , gesticula, me mostra coisas e fala e conta animadamente mostrando também pessoas que passam. Minhas intervenções se restringem a ja, ja ( sim ,sim) e “conversamos”assim durante toda a hora que esperei o ônibus.
Quando o ônibus se aproxima ele o aponta, fala, digo ja , nos levantamos e ele me da uma abraço apertado e se despede.
Gracas a Deus sei falar auf Wiedersehen.
Acho que herdei o gen do meu pai que permite longas e alegres conversas malucas, destituídas de sentido.
Eu ainda vou tentar conversar na Russia um dia...


Primeira foto: Papai o sexto da esquerda para direita atras, e primos . NA segunda foto papai , tia e mamae em dia de casamento

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