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sexta-feira, 9 de março de 2012

ser criança

SER CRIANÇA
A criança também adoece porque não brinca.

Frase estranha esta, mas em plena época em que tanto dizemos e tantos livros de auto ajuda e de educação são publicados, a educação familiar da criança encontra-se em descredito, “um pouco fora de moda”. A infância é a época da vida em que a criança precisa, na primeira fase, a do bebê, de contato, cuidados e atenção, e a seguir ela continua precisando de contato, cuidados, e agora também precisa desenvolver seu potencial de aprendizado. Isto é que gerou a grande confusão. Desenvolver o potencial de aprendizado virou sinônimo de escola e de alfabetização e aquisição de conhecimentos, como se a criança necessitasse se transformar em uma enciclopédia ambulante.

Desenvolver o potencial de aprendizado é aprender a lidar com a vida, e inclui o colo, o ouvir estórias e ate sua própria historia, e inclui brincar com brinquedos, com areia, com terra, com água, com pedrinhas, com caixinhas ,com lapis e papel e tintas e tudo que puder despertar a curiosidade sem perigo. A brincadeira ate pode ensinar , ate pode ter conhecimentos próprios para idade, sem tentar precocemente “adiantar” a criança. Brincar inclui a criança e o outro , não necessariamente um amiguinho, pode e deve incluir a mãe, o pai, a família. Brincar não é perda de tempo, é ganho de tempo , enquanto se coloca no ato de brincar a capacidade da criança de aprender.

Brincar também não deve ser um ato de competição como se tornaram os jogos em videogames e computador em que ainda pequena a criança se isola do mundo a “tentar quebrar recordes de pontos”. Brincar é interagir, e também é criar, inventar, e nesse brincar a criança cresce interiormente e se torna forte para conviver com a realidade. Assisto fascinada crianças pequenas, maiores e ate adolescentes , se “deliciando” com programas educativos, experiências, e antigos filmes infantis e vejo que nossos meios de comunicação pouco evoluíram ao não “ouvir” estas crianças e continuam com programas de baixa qualidade de diversão e prazer , porque ela não consegue interagir com o programa, apenas fica estática na frente da telinha , comendo. Também escuto estarrecida algumas crianças grandes proibidas de brincar, sendo “mocinhas” antes da hora, ganham roupas de moça, estojinho de maquiagem e sandálias de salto, e brincam de boneca “escondidinho”, com amiguinhas que ainda tem o direito de viver a infância por um tempo mais longo.

Outro entrave à infância de nossos filhos tem sido o medo das famílias de que o filho não consiga “competir” com o amiguinho que faz tantas atividades e assim coloca o filho no mesmo ritmo, e precocemente está a criança na escolinha e na natação, balé ou judô, inglês ,porque precisa de mais uma ou duas línguas, musica , matemática.....ah!. A atividade que deveria ser uma ou duas escolhidas pela criança e gerando prazer se torna obrigação, e a criança ainda terá seu desempenho cobrado pela competição.

A criança pequena e a criança da escola , não precisa de tanta atividade social. Elas ainda precisam de parâmetros, de exemplos, de modelos, e os maiores para ela são os pais.

Será que as crianças, com seus próprios meios, não estão nos dando sinais de alerta, denunciando o que passam? As crianças se dizem cansadas, solicitadas demais. Reivindicam mais tempo para brincar, mais espaço e liberdade para não ser tão precoces, nem tão perfeitas. Elas sentem saudades da infância antes dos 10 anos de idade!!! Como se já tivesse acabado a infância há tempos.

Será que o aumento da obesidade, o aumento dos casos de stress infantil, depressão infantil, cefaléias, de gastrites e ulceras e constantes resfriados e alergias, não tem a ver com estar triste , desalentado? Temos mais saúde quando somos capazes de rir , sorrir, brincar, e encarar as dificuldades com calma e ponderação, e a criança para conseguir tudo isto tem que ter espaço para brincar e PARA SER CRIANÇA.

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