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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Valores

VALORES

Que valor tem a minha vida? Que valor eu dou a minha vida?
Eu me perguntei isto ontem pensando na morte de uma amiga. Ela se foi após um longo tempo de doença. E em inúmeras vezes sentei-me ao seu lado, apenas para conversar. Mas eu sempre sofri ao ouvi-la: faltava-lhe aquela chama de vida que nos impele para frente e para cima.
Ela era uma mulher muito bonita, já avó, mas os anos lhe deram uma beleza especial. Ela sempre se vestiu com elegância, uma clássica elegância e sempre a via com uma discreta e bonita maquiagem e lindas jóias. As únicas coisas que faltavam eram o brilho no olhar e o sorriso no rosto.
Em alguns momentos tive vontade de sacudi-la, chamá-la a olhar a vida, a viver, a sorrir. Mas isso não se implanta em ninguém, ou se tem ou não se tem.
Ontem parei em frente de um quadro que eu ganhei dela. Ele esta no armário e não consigo colocá-lo na parede. Eu parei em frente para pensar o porquê de não conseguir. Ela pintava muitas flores, e são flores que eu gosto lírios e hortencias, mas realmente ela retratou natureza morta. Não há aquele brilho na cor, não há vida. É um quadro pálido. Flores de rosa pálido, azul clarinho e branco sobre um fundo beginho bem claro como se estivesse desbotado. Ë um quadro sem cor. Pálido como a vida da pintora.
A situação toda me lembrou um poema de Manoel de Barros
“Aprendo com abelhas mais do que com aeroplanos
É um olhar para baixo que eu nasci tendo.
È um olhar para o ser menor, para o
insignificante que eu criei tendo.
O ser que na sociedade é chutado como uma
barata - cresce de importância para o meu
olho.
Ainda não entendi por que herdei esse olhar
para baixo.
Sempre imagino que venha de ancestralidades
machucadas.
Fui criado no mato e aprendi a gostar das
coisinhas do chão -
antes que das coisas celestiais.
Pessoas parecidas de abandono me comovem:
tanto quanto as soberbas coisas ínfimas”.



Em muitas situações na minha vida me deparei com algumas pessoas ou fatos que sempre me fazem repensar meus valores. Eu sempre me fortaleço e reaprendo a valorizar o que tenho, com quem convivo, o que sonho e percebo mais uma vez como amo a vida.

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