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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Amor de antigamente

Em inicio de 1940, morando no mosteiro com uma população alemã, e com pouco contato com brasileiros da cidade, nosso pai fala apenas um pouco de português. Ele entende um pouco da língua e fala um pouco.
No inicio da semana santa do ano de 1940, em um sábado num jogo de futebol ele viu pela primeira vez Leonor, nossa mãe. Ela e as irmãs vinham de carroça para a cidade de Itaporanga. A família morava na fazenda Gaspar ente Ribeirão Vermelho do Sul (distrito de Itaporanga na época) e eles plantavam milho. Nos fins de semana, para conseguir dinheiro para comprar açúcar, óleo e sal e itens que não produziam, elas iam de carroça vender milho, pamonha (eu aprendi os segredos de uma fantástica pamonha com mamãe) e tudo o mais. Por anos ri junto com a mamãe, lembrando que elas vendiam o saudável mel e o melado de cana para comprar açúcar branco... Para usarem como remédio. Hoje mel e melado é que são remédio!
Um olhou para o outro e mamãe sempre nos lembrou o quanto o achou lindo, muito lindo. Não nos esqueçamos que a família fazia gosto que ela se casasse com um primo e ela nunca quis. O jogo foi no sábado e no dia seguinte eles ficaram se olhando e se conheceram na sacristia.
No sábado seguinte, volta mamãe, suas irmãs e primas para vender pamonha para a festa (em interior sábado de aleluia tem quermesse alem da cerimônia religiosa) e mamãe trazem seus maravilhosos cachos de rosas brancas que ela plantava para enfeitar a igreja. Quem a ajuda? Papai, lógico. Ambos muito católicos se reencontram na igreja.
Olha-se daqui, olha-se de lá e uma semana depois papai vai ao sitio e pede a mão de nossa mãe em casamento.
Atentemos para um pequeno detalhe, ela é uma mulher bonita, forte, trabalhadora, muito religiosa, mas analfabeta. Ele é um homem bonito, elegante, culto, muito religioso e fala três línguas. Ele fala em alemão e muito pouco em português. Ela fala em português, e não entende nada em alemão. A única linguagem comum foi o amor.
Foram 42 dias entre o primeiro olhar e a cerimônia de casamento e 40 anos o tempo que o casamento durou, ate o falecimento de nosso pai. Durante 40 anos nosso pai trouxe um ramalhete de flores do campo dia 02 de junho, aniversario de casamento. No inicio as flores eram mesmo colhidas no campo.
Quando esteve doente pediu a minha irmã que providenciasse as flores.

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